
O Bloco defende a água pública. O capital defende quem lhe atribuí a água de todos. A Águas do Vouga emitiu um comunicado claramente dirigido ao Bloco de Esquerda. Não só falha no alvo como dá os argumentos que comprovam a utilidade das propostas do Bloco de Esquerda.
Face ao silêncio de Ribau Esteves, Élio Maia e Eduardo Feio que aprovaram o negócio, a Águas do Vouga vem em sua defesa com um comunicado oficial. É interessante ver uma empresa privada de um acionista que está a levar à falência a Câmara Municipal de Barcelos (através da Águas de Barcelos, com modelo de negócio semelhante ao da Águas do Vouga) a entrar na campanha eleitoral. É natural que defenda o seu euromilhões e os candidatos que lho entregaram ao lhe atribuir a concessão, sem concurso público, por dez anos. Recorde-se que a concessão foi aprovada com os votos favoráveis de Ribau Esteves, Élio Maia e dos vereadores do PS, PSD e CDS-PP. O Bloco não responde à empresa nem ao seu accionista, mas sim às escolhas dos candidatos que permitiram a presente situação. Esta situação mostra a centralidade das propostas do Bloco.
Diz a Águas do Vouga “temos sido acusados de praticar a segunda tarifa mais cara do país”. Esta frase dirige-se, clara mas erradamente, à candidatura do Bloco de Esquerda. Ora, tal não é verdade. É a AdRA que em Aveiro tem a segunda factura de água mais cara do país (dados da ERSAR) e é isso que o Bloco tem dito. Ou seja, o que a empresa agora diz é que a AdRA compra em Aveiro a água mais barata do país e revende-a como uma das mais caras do país. Apenas realçam ainda mais o escândalo tarifário de Aveiro. Estes dados apoiam a proposta do Bloco de Esquerda de saída da AdRA.
Diz a Águas do Vouga que tem a água mais barata do país. Ora, o contrato recentemente realizado implicou um aumento imediato de 4,6% no preço da água. O contrato estipula ainda um aumento de até 50% em 7 anos. Ou seja, sendo uma água barata em alta (revendida à população caríssima) vai deixar de o ser face aos aumentos contratualizados. Estes dados, conjugados com os caudais mínimos, apoiam a proposta do Bloco para a denúncia do contrato.
Caudais mínimos: lucro privado, risco público. Independentemente do preço da água e independentemente da quantidade necessária e consumida, a autarquia pagará sempre um mínimo (caudal mínimo). É um negócio semelhante às parcerias público privadas rodoviárias que tanto prejuízo dão ao Estado. É um negócio semelhante ao da Águas de Barcelos que está a levar a falência da autarquia local. É um modelo de negócio criticado pelo Tribunal de Contas por tornar o risco totalmente público. E é um negócio que se agrava uma vez que em 4 anos o caudal mínimo aumenta 40%.
Caudais mínimos: o barato saí caro. Imagine-se um caudal mínimo de 100. Se a autarquia compra 100 paga 100; se compra 120 paga 120; mas se compra 80 paga 100, se compra 50 paga 100. O lucro é garantido. O preço mais barato do m3 não significa uma factura mais barata porque podemos consumir apenas 60 mas acabamos a pagar 100 na mesma.
Investimento público. A empresa nasceu em 1986 e o investimento foi totalmente público e, apesar de privada, assim continua a ser. A concessão da Águas do Vouga é um negócio dourado para o privado. Apesar dos lucros serem privados, o investimento previsto de 30,4 milhões de euros é praticamente todo público (55% de um fundo europeu público, 45% de adiantamento dos municípios e um valor residual da própria empresa).
A questão mantém-se. Aveiro tem a segunda factura de água mais cara do país. O Bloco propõe a saída da AdRA e a denúncia do contrato da Águas do Vouga. Um problema concreto, proposta concreta. O que Ribau Esteves, Élio Maia e Eduardo Feio propõem para as águas em Aveiro? Manter a segunda mais cara do país? Manter o assalto tarifário aos aveirenses?
O Bloco defende a água pública. O capital defende quem lhe atribuí a água de todos.